A sessão de julgamento do ex-pastor continua na tarde do primeiro dia do Júri. No momento desta postagem a testemunha arrolada pela defesa é mais um policial. Desta vez, o tenente-coronel Benício Ferrari do corpo de bombeiros, que atuou no dia da tragédia.
ATUALIZAÇÃO 3
A segunda testemunha, o tenente-coronel Benício Ferrari, deu início ao seu depoimento.
Os advogados da defesa do réu pedem que o tenente-coronel do corpo de bombeiros seja dispensado. Eles alegam que Benício Ferrari manifestou-se publicamente sobre o caso e que isso poderia contribuir para a imparcialidade do processo. O juiz, no entanto, não aceitou o pedido, alegando que não havia provas que indicassem interesse em prejudicar o ex-pastor. “A opinião dele foi formada a partir do acesso a todas as provas”, declarou Tiago Favaro Camatta.
Benício Ferrari foi acionado pela equipe para participar da análise e da perícia da casa em que ocorreu o incêndio. ”Cheguei em Linhares aproximadamente às 3 horas da madrugada, com o intuito de auxiliar a perícia da ocorrência. Ao redor da casa estavam policiais, parentes e amigos aguardando a vistoria no local”, declarou o tenente-coronel.
Segundo ele, o comportamento de Georgeval o deixou intrigado. “Ele me mostrava as mãos e o rosto, não havia sinais de queimaduras, nem nada chamuscado.” O tenente-coronel conta que é instrutor de incêndio há 20 anos e que em meio as simulações, estipula que se a fumaça estivesse na altura da cintura do acusado, a temperatura na região da cabeça seria em torno de 600° graus. ”Não havia condições para que ele entrasse em pé naquela fumaça, talvez a única maneira seria se agachando e isso não coincide com as declarações feitas pelo réu.”
Essa inconsistência na relação dos fatos foi repassada por Benício Ferrari ao delegado Romeu, à medida que a hipótese de ação intencional opcional se tornava mais evidente. Ambos retornaram à cena do ocorrido, observando os destroços e comparando com a versão concedida anteriormente por Georgeval. A perícia ainda confirmou a presença do réu no local, enquanto os peritos realizavam os procedimentos cabíveis.
Para o tenente-coronel, se o incêndio não tivesse sido ocasionado pela ação humana, o fogo não teria se alastrado tão rapidamente. “As crianças não saíram do local onde teve início o incêndio, elas morreram por ação direta do fogo e das chamas.”, disse o bombeiro.
Uma das crianças apresentou uma baixa quantidade de carboxihemoglobina no sangue, uma das substâncias contidas na fumaça, o que comprova que a duração do incêndio foi curta. Segundo a testemunha, seria impossível permanecer cerca de 6 minutos naquele cômodo, sem que a quantidade de carboxihemoglobina no sangue aumentasse.
O teste computacional impossibilitou que a tese de Georgeval fosse verdadeira.” Reforçamos o modelo do colchão e do ar condicionado durante o teste, mas nada foi capaz de fazer o fogo passar do aparelho para a cama.”, declarou Benício Ferrari.
Além disso, não foram encontrados indícios de que o fogo poderia ter começado devido a qualquer eletrodoméstico presente no quarto. Não teve descarga elétrica e muito menos raios. Para o tenente-coronel, a única fonte de calor restante seria externa, como a ação humana, por exemplo.
O militar ainda fez a seguinte declaração. “Um agente acelerante, derivado de petróleo, foi encontrado no quarto, sendo este o responsável pela rapidez do incêndio.” explica o tenente-coronel.”Para sanar as dúvidas, foi retirada a madeira de outros cômodos e realizada a comparação.”, complementou.
Questionado pelo MPES a respeito do resultado dos procedimentos, Benício Ferrari afirmou não ter dúvidas sobre o que ocasionou o incêndio e da presença de um agente acelerante. “Utilizamos métodos científicos, que possuem uma grande riqueza de dados. Com isso, fomos capazes de chegar a um resultado cientificamente comprovado. Não há dúvidas a respeito da conclusão do caso.”. Afirmou.