Um dos momentos mais esperados do julgamento, ocorreu neste primeiro dia, o depoimento de Georgeval Alves. Ele depôs na madrugada desta quarta-feira (19/04). Respondendo às perguntas dos advogados de defesa, ele afirmou por diversas vezes a sua inocência, e acrescentou que não violentou e nem matou Joaquim e Kauã.
Georgeval durante um determinado momento de sua fala, disse que tem a perspectiva de futuro em que ele possa provar sua inocência, para não deixar o legado de monstro homicida, abusador e afirmou não ser essa pessoa. “Tudo isso não passa de um engano, de um erro.” Disse o acusado.
O ex-pastor chorou bastante ao ver o vídeo de um dos meninos e aos prantos ele afirmou que ouviu mentiras e recebeu olhares de desconfiança há cinco anos e disse que quis usar o espaço do depoimento para contar sua versão do que aconteceu na madrugada do dia 22 de abril de 2018.
Ele contou novamente a versão que havia dito recentemente para o psiquiatra forense de que não entrou no quarto dos meninos ao perceber o incêndio. Ele reafirmou que teve medo de se queimar e que, por isso, correu para fora da casa para pedir ajuda. A versão é diferente daquela dada inicialmente à polícia em que ele teria aberto a porta do quarto e tateado a beliche onde as crianças dormiam sem encontrá-las.
“Fui até lá (quarto dos meninos), bati a porta e recebi um vácuo de calor. Eu não entrei no quarto. Fui para a sala, gritei desesperado. Fui tentar voltar pelo corredor e não consegui voltar mais pelo corredor porque estava muito quente, muito calor. Tentei abrir a porta da sala e não estava abrindo, me desesperei, comecei a passar mal com a respiração. Nesse momento fui para a garagem, comecei a andar de um lado pro outro pedindo ajuda. Eu estava desesperado, eu estava com muito medo, com medo de morrer. Eu não sabia qual era a dimensão do incêndio, não sabia que era só no quarto. Saí gritando na rua só de cueca.”
O réu afirmou que deu a outra versão anteriormente porque foi induzido por um pastor da igreja para não parecer omisso e covarde. Segundo ele, havia muitas pessoas dentro e fora da igreja que comentavam sobre a incapacidade de Georgeval em salvar as crianças.
“Eu menti porque as pessoas começaram a falar que eu deveria ter entrado, me jogado, feito alguma coisa, que se fosse fulano teria entrado. E os pastores começaram a falar pra mim “não é bom que você passe essa imagem que você foi covarde, omisso. Fiquei com medo de ser julgado por não ter tentado salvar meus filhos”, relatou.
Os trabalhos do julgamento recomeçam às 10 horas desta quarta-feira (19/04), no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, no bairro Três Barras, em Linhares.