A cada 15 dias, duas visitas são uma das mais esperadas em um hospital particular localizado em Vitória. Trata-se do chihuahua Frederico Alfredo e do spitz Logan Wolverine, dois cachorrinhos que levam ”lambeijos” e muito ”aumor” para a unidade. Vestidos com jaleco e até crachá oficial da unidade, os bichinhos encaram com seriedade o trabalho e contribuem para deixar o dia dos pacientes internados e de toda a equipe hospitalar um pouco melhor.
Os cachorros fazem parte do projeto “Cão Terapeuta”, que se propõe a levar os pets ao hospital quinzenalmente, sempre aos sábados, por uma hora, para visitarem as alas pediátrica e oncológica do Sistema Único de Saúde (SUS), além de alguns leitos particulares.
De acordo com a psicóloga do hospital, Virnas Vivas, a visita dos cães traz benefícios para o tratamento do paciente.
“Tudo aquilo que traz bem-estar, conforto e dignidade é importante neste momento. Trazer os cães para aqueles pacientes que gostam, que têm animais, facilita, aumenta esse vínculo, melhora a permanência no hospital, melhora a ambientação”, disse a psicóloga.
O assistente social do hospital, Alessandro Kerkovsky, destacou também que alguns pacientes só recebem as visitas dos cachorrinhos.
“Temos muitos pacientes que não recebem visitas de outras pessoas. Às vezes, a visita do Logan e do Frederico Alfredo traz esse frescor da área externa do ambiente hospitalar”, disse.
Ideia é criar um ambiente mais leve para os pacientes
Criado pela assistente social Clara de Souza, tutora do Logan, o projeto nasceu da vontade de levar mais leveza ao tratamento dos pacientes.
“No meu divórcio, eu tive covid-19 e tive depressão. Foi quando eu tive a ideia de adestrar o Logan para melhor conviver com ele, já que eu ia trabalhar com ele mesmo. A adestradora percebeu que ele gostava muito de ficar ao lado de sua mãe. A mãe da adestradora estava com câncer, e surgiu a ideia. Aí eu escrevi o projeto”, disse a tutora do Logan.
Com o projeto aprovado, Logan passou a integrar essa equipe do hospital e, desde 17 de setembro de 2022, visita os pacientes a cada 15 dias.
Cães se revezam nas visitas
Com o passar do tempo, a demanda das visitas cresceu e Logan passou a atender também à ala da pediatria e alguns pacientes particulares do hospital. Para ajudar, Frederico Alfredo foi convidado e, agora, reveza os sábados com o “aumigo”.
Advogada e tutora de Frederico Alfredo, Jamili Saade disse que o chihuahua chegou na sua vida para ajudá-la a superar o medo de cachorros e que, em apenas dez meses, o pet acabou preenchendo vazios que ela nem sabia que existiam.
O perfil carinhoso e a facilidade de se relacionar com pessoas e outros animais despertaram em Jamili a vontade de espalhar o amor que Frederico dá.
“O fato dele dividir o carinho com um paciente que, às vezes, está em um momento apreensivo da vida, eu fico muito feliz. É um compartilhamento, é algo que torna a vida mais leve”, disse a tutora do Frederico.
Foi em um “cãocurso” de fantasias, em outubro de 2022, que ela acabou conhecendo Clara, Logan e o projeto Cão Terapeuta. O convite para integrar a equipe foi feito e, após a avaliação do hospital, Frederico foi efetivado em fevereiro deste ano e liberado para atender os pacientes da unidade.
No momento, apenas Logan e Frederico fazem parte da equipe de cães terapeutas. O objetivo de Clara é viabilizar a participação de mais cachorros e expandir o projeto para outros hospitais da Grande Vitória. Os interessados em inscrever o cão para o trabalho voluntário podem contatar a assistente social pelo perfil de Logan nas redes sociais.
“Eu já tinha lido alguma coisa a nível São Paulo e Curitiba e achava bacana. Comecei a ler alguns artigos sobre as funções que um pet pode exercer, comportamento animal, adestramento. Criei a metodologia de acordo com o hospital, mas quero que o projeto vá para outros lugares. É algo que tem que ser aplicado de acordo com o funcionamento de cada local”, finalizou.
Antes das visitas, cães passam pelo pet shop
Nos dias de visitas, Frederico e Logan vão para o pet shop antes de irem para o hospital, onde tomam banho e cortam as unhas.
Após o banho, os cães não podem mais encostar as patas no chão para evitar risco de contaminação aos pacientes.
“É para garantir que os pacientes possam ter contato, colocar a mão, pegar, abraçar, sem ter nenhum risco”, disse Jamilli Saade, tutora do Frederico.
Fonte: g1