A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) prendeu um grupo que praticava golpes de promessa de cura espiritual em pelo menos quatro estados. As investigações apontam que, em seis meses, o grupo praticou, pelo menos, 16 crimes somente no Espírito Santo. Uma das vítimas teve prejuízo de R$ 2 mil.
De acordo com as investigações, Adilson Pratas Ferreira, de 55 anos, José Carlos da Silva Barista, 59 anos, e David Santa Ana Sobrinho, 58 anos, também agiam no Rio de Janeiro, na Bahia e em Minas Gerais.
A ação foi feita pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Aracruz e pela Delegacia de João Neiva, que prenderam os três homens em cumprimento a mandado de prisão preventiva.
As investigações começaram no dia 31 de maio, quando os investigados foram até João Neiva, onde agiram contra uma senhora, que teve um prejuízo de R$ 2,1 mil. Dias depois, os suspeitos foram identificados pela Polícia Civil, com ajuda de agentes da Polícia Rodoviária Federal.
O mandado foi cumprido no Centro de Aracruz depois que os policiais civis descobriram que o município está entre os alvos da organização criminosa, no Espírito Santo.
Todos os presos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Aracruz. A ação foi feita pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Aracruz e pela Delegacia de João Neiva, que prenderam a associação criminosa em cumprimento a mandado de prisão preventiva.
De acordo com o Delegado de Investigações Criminais (Deic) da Delegacia da Polícia Civil de Aracruz, Leandro Sperandio, o trio não permanecia muito tempo na mesma cidade, justamente para não chamar atenção.
Quando iam praticar os golpes, os homens iam de carro, normalmente nas áreas de comércio, e procuravam as potenciais vítimas – a maioria idosas e com enfermidades.
“Um deles se aproximava e iniciava um diálogo. No início do diálogo, tentava manter um ponto em comum, falando do filho da vítima, de um familiar, até que a pessoa achava que aquela pessoa tinha algum conhecimento com aquele familiar”, disse o delegado.
O delegado explicou ainda que a partir daí o golpista passava a narrar uma falsa doença que tinha, e a vítima, já caindo no golpe, também dizia que tinha uma doença.
“Então o golpista dizia que estava melhorando: ‘eu achei uma pessoa, que é da Bahia, sabe fazer uma oração, tem uma fé um pouco maior, e sabe curar'”, disse.
Segundo o delegado, o golpista então oferecia que a vítima fosse à casa de um familiar onde o homem estava hospedado para conhecer o suposto curandeiro, que estaria viajando.
“Eles convenciam a vítima a conhecer esse curandeiro, que ficava próximo ao local do carro. Então, se iniciava uma conversa a três: aquele que iniciou a conversa, o curandeiro e a vítima. O curandeiro então dizia: ‘eu posso orar e rezar, tenho minha fé, não cobro nada, vamos entrar aqui no carro’, e a vítima entrava no carro do golpista, já em estado de fragilidade”, disse o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, algumas vítimas até percebiam neste momento que eram um golpe, mas estavam emocionalmente fragilizadas.
“Ele começava a fazer uma oração falsa e durante a conversa ele falava que a vítima estava com uma maldição sobre a vida dela. Ele, inclusive, falava que aquele problema ia atingir o patrimônio dela”, disse.
Após isso, segundo o delegado, o suposto curandeiro pedia uma nota de qualquer valor à vítima, que entregava.
“Ele ardilosamente sujava a mancha do dedo com uma tinta vermelha. Ele pedia para a vítima cuspir na nota, que já estava fragilizada e cuspia. Daí então ele atingia a vítima de forma mais emotiva e dizia que a vítima estava cuspindo sangue. Aí ele pedia para a vítima sacar todo o dinheiro para dissipar toda a maldição”, disse.
O delegado disse ainda que o trio abordava as vítimas próximas aos dias de pagamento, como inicio de mês, e em agências bancárias, facilitando os golpes.
Para que o golpe tivesse ainda mais êxito, após as vítimas sacarem o dinheiro e entregarem aos golpistas, o suposto curandeiro fazia uma nova oração sobre o envelope.
“Ele fazia uma oração no envelope, mas na hora de devolver, devolvia o envelope cheio de boletos de loteria e pedia para que a vítima abrisse só no outro dia. Muitas abriam só no outro dia. Outras viam, mas já envolvidas na situação, e também por medo não falavam nada”, disse.