“Na minha vida, em todos os lugares em que eu trabalhei, eu sempre fui uma pessoa empreendedora. Em todos os negócios eu tive os meus projetos, seja de pesquisa ou de maneiras de atuação diferentes. Então, eu sempre desenvolvi muito isso”, conta Danielle Bittencourt, empreendedora do Fala Mommy, um canal de conteúdos e serviços para gestantes e puérperas. Em sua primeira formação, como fisioterapeuta, ela entendeu que precisava se qualificar para trabalhar como autônoma.
Já a Nancy Ortega, sócia da Salerosa, empresa que vende tábuas de frios, viu o empreendedorismo entrar em sua vida após um luto. “No ano passado, além da pandemia, vivenciei um momento de dor e luto após perder meu pai vítima de um câncer. E então, com minha prima, resolvemos começar algo novo, que nos trouxesse prazer, alegria e um sopro de esperança por dias melhores”, destaca.
De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES), tanto Danielle como Nancy fazem parte do grupo de 35% de empreendedoras mulheres do Espírito Santo. Além disso, as duas se encontram em um outro ponto comum: a maternidade. A Danielle é mãe de primeira viagem e divide o empreendedorismo com a filha de 1 ano e 9 meses. A Nancy é mãe de um casal, um menino de 6 e uma menina de quase 3 anos. Para ambas, a gestão de tempo é fundamental.
“Trabalhar em casa e organizar os meus horários foi essencial e assim conseguimos conciliar todas as atividades sem quaisquer prejuízos”, explica Nancy que tenta criar rotinas para conciliar a atenção e a alfabetização dos filhos com os horários de atendimento.
A Danielle também prioriza os horários com a filha, e nas horas vagas se dedica ao negócio. “Eu consigo trabalhar do meu jeito, da maneira que eu quero. Ainda estou aprendendo, mas eu sei que é um formato que se encaixa comigo. Eu tenho um planejamento da semana e o meu planejamento de blocos de horário: tenho um período da manhã e da noite com ela, que é o meu tempo de qualidade com a minha filha”, ressalta.
A organização é algo primordial para quem assume essa jornada dupla, ressalta a analista do Sebrae/ES, Andrea Gama. “Diferente do emprego formal, onde o horário de trabalho já é estabelecido pela empresa, no empreendedorismo a mãe empreendedora pode organizar os seus horários e adequar o seu atendimento de acordo com a sua realidade, equilibrando as demandas de trabalho e os cuidados como mulher e mãe”, destaca.
De acordo com Danielle, que só se descobriu empreendedora de fato durante a gravidez, maternar e empreender exige muito autoconhecimento. “É uma troca incrível. Precisa sim ter uma rede de apoio mínima, tem que ter muita organização e também um alinhamento de expectativa, tanto em relação à maternidade quanto ao seu empreender. O autoconhecimento te ajuda muito, mesmo antes de ser mãe”, ressalta.
O sentimento também é compartilhado pela Nancy. “É gratificante perceber o orgulho dos nossos filhos ao nos ver desenvolvendo nosso trabalho. Eles participam, querem ver, falam com as pessoas do nosso produto. E a nós, a alegria de poder fazer o que gostamos e saber que podemos ser referência para nossos filhos. É buscar todos os dias aprendizados para crescer”, finaliza.