Após o encerramento da fala do promotor de Justiça Drº Claudeval França Quintiliano, foi a vez do Drº Pedro Ramos, o advogado da defesa usar a palavra. Ele iniciou o debate apresentando trechos de depoimentos das testemunhas na época do incidente. “O caso ocorreu em 21 de abril de 2018 e desde então, a versão transmitida é a de que Georgeval é culpado pelo incêndio. O público passou a acompanhar os fatos do ocorrido por meio de matérias jornalísticas, que tratavam da frieza do acusado e como ele teria reagido à tragédia.”, disse o advogado.
O Drº Pedro Ramos, pediu para que a advogado Florence Rosa, que também faz parte da defesa, para fazer suas considerações.
Ela iniciou suas falas contestando a acusação de tortura. “Os corpos foram submetidos a altas temperaturas e além disso, receberam uma grande quantidade de jatos de água durante a ação do Corpo de Bombeiros. Foram utilizados, aproximadamente, 1,5 mil litros de água na tentativa de conter o fogo.”, disse Florence.
“A alegação de que as crianças foram torturadas e por isso não reagiram não procede, uma vez que o médico legista não encontrou hemorragias e nem hematomas. A coluna cervical e o estômago das vítimas, Joaquim e Kauã, estavam em condições íntegras”, pontuou a advogada.
Segundo ela, um dos indícios para a qualificação de tortura seria a presença de gotículas de sangue encontradas pelo luminol. “O produto pode encontrar material residual de até 6 anos, o que inviabiliza dizer que o sangue encontrado fora da noite anterior ou até mesmo de horas antes do ocorrido. O líquido presente no banheiro era apenas de Joaquim, não há registros de sangue da outra vítima, Kauã. O garoto a quem pertencia o sangue tinha problemas de sangramento nasal, o que justifica a presença do material no banheiro.” pontuou Florence.
Contra a acusação de estupro, a advogada citou o resultado dos exames de lesão corporal realizados pelo réu, onde não foram encontrados quaisquer resquícios de sêmen ou hematomas no orgão sexual do ex-pastor. “Os exames não comprovam qualquer lesão ou machucado nas partes íntimas de Georgeval. No caso de estupro, poderia haver a presença de líquido seminal e esperma, o que não ocorreu, a única substância encontrada foi a PSA, proteína produzida pela próstata. Se após as altas temperaturas, a PSA ainda pôde ser encontrada nos corpos das vítimas, em caso de violência sexual, outro tipo de material também poderia ter sido encontrado.” afirmou a membra da defesa do réu.
“Se a substância encontrada nos corpos das crianças pertencesse à Georgeval, teriam sido encontrados também resquícios de espermatozóides, o que não consta no laudo.” concluiu a advogada.
O outro advogado da defesa do ex-pastor, Pedro Ramos, retomou o debate ao realizar as considerações finais. Na sua fala, ele citou a dispensa das 13 testemunhas no dia anterior ao julgamento. “Há receio quanto a veracidade dos laudos? Por que dispensaram as 13 testemunhas de apresentação, incluindo os peritos? Não há como saber se os laudos são realmente confiáveis”, complementou.
As críticas foram direcionadas ao Ministério Público e aos assistentes de acusação. “O Brasil quer saber o que ocorreu na noite de 21 de abril de 2018, dia do fatídico incidente.”, finalizou Pedro.
Em seguida foi feita uma pausa de 40 minutos, para almoço e logo em seguida os trabalhos começaram. Existe a possibilidade de que o julgamento encerre ainda nesta quarta-feria (19).