A prefeitura de Linhares, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou ao Site Norte Notícia e também através da mídia que no Hospital Geral de Linhares (HGL), no bairro Araçá, existem 31 respiradores e está em andamento adequações na estrutura física da unidade hospitalar para disponibilizar mais sete leitos exclusivos para pacientes em estado grave do Coronavírus.
Entretanto, em demanda encaminhada pelo Site Norte Notícia, a Secretaria Municipal de Saúde informou, por meio de nota, que os hospitais do Norte do Estado referências para tratamento da Covid-19 são o Dr. Roberto Silvares, em São Mateus, e o Sílvio Avidos, em Colatina. Informou ainda que todos os hospitais referência para tratamento da Covid-19 são determinados pelo Governo do Estado do Espírito Santo, e que essas indicações são pelo fato desses hospitais serem gerenciados pelo Estado, sendo que o HGL, mesmo em processo de estadualização, ainda é gerido pelo município de Linhares.
O prefeito Guerino Zanon, secretários e diretores da área de Saúde têm dado entrevistas nos últimos dias em diversos veículos de comunicação, dizendo que o HGL tem esses leitos disponíveis para internação de pacientes com o novo Coronavírus. Porém, não foi o que ocorreu quando um paciente necessitou de utilizar um desses leitos. Ele foi transferido para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus.
A primeira vítima do novo coronavírs com óbito em Linhares chegou a procurar atendimento no HGL, por apresentar sintomas fortes da doença, e foi levado para São Mateus, onde ficou internado no Hospital Dr. Roberto Silvares, como informou o site oficial da Prefeitura de Linhares.
Com base nessas informações, fica um questionamento sobre a situação do município em relação à preparação e atendimento dos pacientes que necessitarem de atendimento: o HGL mesmo com leitos e 31 respiradores – e investindo recurso dos cofres públicos em adequações na estrutura física para disponibilizar mais sete leitos exclusivos para pacientes em estado grave do Coronavírus – não poderá ser utilizado para tratamento dos pacientes em estado grave, visto que é um hospital do município e não é referência para tratamento da Covid-19?
Outra dúvida: os pacientes continuarão sendo transferidos para outros municípios? Por que então investir recursos financeiros em ações que não trarão atendimento efetivo no município quanto aos pacientes de casos graves da Covid-19?
Ou seja, a prefeitura diz que o HGL está preparado para internação de pacientes com Coronavírus, mas quem precisar terá que ir para São Mateus.
Estado de Calamidade
Alegando e justificando a destinação de recursos financeiros para a Saúde, a Câmara aprovou um Projeto de Lei do prefeito Guerino Zanon, decretando calamidade pública em Linhares. Causa estranheza o fato de o prefeito ter enviado em regime de urgência para a Câmara de Vereadores esse projeto, solicitando Situação de Calamidade Pública em razão da pandemia do novo Coronavírus, e os vereadores terem aprovado a medida, com apenas, um voto contrário, o do vereador Rogerinho do Gás.
O projeto chegou à Câmara Municipal no dia 30 de março, sendo lido e aprovado no mesmo dia. Com a aprovação pelos vereadores que votaram a favor do decreto de Calamidade Pública no município de Linhares, o prefeito fica autorizado durante 90 dias, a contratar empresas e serviços, sem a necessidade de realizar licitações públicas (onde empresas concorrentes, ganham os contratos, oferecendo o menor preço e a melhor oferta dos serviços licitados). Porém, com a situação calamidade, o prefeito tem livre escolha de indicar e escolher qual empresa.
Porém, com a situação calamidade, o prefeito tem livre escolha de indicar e escolher qual empresa prestará o serviço ao município, simplesmente por sua indicação, onde a concorrência pública não será necessária pelos próximos seis meses.
A prefeitura por meio da Secretaria de Comunicação também enviou comunicado a imprensa. Nele o prefeito diz que, desde a primeira notificação em Linhares, tem trabalhado intensamente na prevenção ao novo Coronavírus.
“Nossa dedicação é integral ao acompanhamento da situação e na definição de novas medidas diariamente. Decretamos situação de calamidade para garantir que todos os esforços possam ser direcionados à saúde da nossa população”, esclareceu Zanon.
O questionamento que tem sido feito pelos leitores do Site Norte Notícia é: Linhares não faz internação de pacientes que foram ou serão infectados com o vírus. Qual a necessidade de situação de Calamidade pública no município?
Outra questão que virou polêmica na cidade foi o fato do prefeito ter anunciado algumas medidas restritivas, proibindo o funcionamento do comércio em toda a Linhares. A exceção são os estabelecimentos que vendem produtos ou prestam serviços essenciais, como padarias, supermercados e farmácias. Entretanto, nas redes sociais o prefeito foi muito questionado por continuar as obras de infraestrutura como, asfaltamento de algumas vias, que inclusive já tem calçamento, não sendo, assim, um serviço de urgência. No site da prefeitura tem fotos de trabalhadores, das empresas que ganharam a licitação para executar os serviços, com funcionários sem o mínimo de proteção como, por exemplo, o uso de máscaras.
Outro questionamento é quanto a contratação de uma única empresa de confecção, uma das maiores do munícipio, para produzir 150 mil máscaras ao custo de R$ 420 mil. Isso, não levando em conta as inúmeras pequenas empresas do segmento que atuam no município e que estão com sérios problemas financeiros durante a pandemia. Não seria mais justo distribuir todo esse recurso financeiro entre as dezenas indústrias de confecção do munícipio?
O setor de comunicação da Prefeitura, através de nota respondeu em relação aos leitos do HGL. Veja Nota:
“A secretaria municipal de Saúde informa que o Hospital Geral de Linhares (HGL) possui 31 respiradores e está em andamento adequações na estrutura física para disponibilizar mais 7 leitos exclusivos para pacientes em estado grave do coronavírus.
Pontua que, o HGL está atendendo os pacientes com um novo fluxo de acolhimento para prevenção e agilidade na identificação de casos suspeitos de coronavírus. Assim que chega a unidade hospitalar, a pessoa é abordada por um profissional de enfermagem que faz o primeiro atendimento na recepção no Pronto Socorro.
Caso sejam detectados sintomas da doença, o paciente recebe uma máscara e é encaminhado para uma sala de triagem, onde o atendimento é realizado com toda medidas de segurança necessárias.
Os hospitais do norte do Estado referências para tratamento da Covid-19, determinados pelo Governo do Estado do Espírito Santo, são o Dr. Roberto Silvares, em São Mateus, e o Sílvio Avidos, em Colatina.
As indicações são pelo fato dos hospitais serem gerenciados pelo Estado. O HGL, mesmo em processo de estadualização, é gestão do Município”.
Em relação à situação de calamidade publica o espaço está aberto para a resposta da Câmara de verdores e a administração municipal.