Nesta sexta-feira (18/08), o maior evento do agronegócio do Espírito Santo, que aconteceu na cidade de Linhares, e teve início na quinta-feria (17/08), deu voz de verdade às mulheres.
Pela manhã, em uma roda de conversa mediada pela jornalista Elaine Silva, primeira mulher a ocupar o cargo de editora-chefe na Gazeta, duas renomadas produtoras puderam contar suas histórias até passaram a ocupar um lugar de destaque nos negócios do campo.
Sônia Bonono atuava com vendas de carro quando, há 27 anos, o marido herdou uma propriedade do avô. Então eles tiveram que se capacitar para entender os processos e administrar os negócios na fazendo em Ipameri, Goiás.
Hoje, eles produzem 60 hectares de soja, possuem 50 matrizes de gado leiteiro, milho para silagem e uma parte significativa da propriedade é de preservação ambiental. E o trabalho de Sônia deu tão certo, que ela foi a vendedora do prêmio nacional Mulheres do Agro, em 2018.
“Nós mulheres temos desenvolvido um bom trabalho. Eventos como esse do Tecnoagro são importantes encontros que nos permitem trocar conhecimento e fortalecer nossa rede de mulheres que se apoiam”, afirmou a palestrante para o Norte Notícias.
Ela enfatizou ainda que o apoio precisa ir além do discurso. “Precisamos nos ajudar com ações. Só falar não basta, não faz acontecer”, destacou a produtora.
A preocupação dela em manter os jovens no campo fez com que firmasse uma parceria com a universidade rural local. “Os alunos têm aulas práticas na nossa propriedade. Lá podem aprender tudo sobre o plantio de soja e a produção leiteira”, contou Sônia Bonono.
Por fim, depois do apoio dos homens, ela apontou a tecnologia como grande aliada das mulheres, por permitir que passassem a desenvolver tarefas antes inviáveis. “Você pega uma máquina hoje e ela é totalmente computadorizada, não demanda nenhuma força física. Além disso, a tecnologia permitiu que nos conhecêssemos e trocássemos informação.”, avaliou Sônia.
Outra história de sucesso é da produtora de café de Governador Lindemberg, Tatiele Dalfior Ferreira, que venceu o Mulheres do Agro, em 2020. Aos 35 anos, PhD em engenharia química pela Unicamp, ele descobriu na pandemia que o “lugar dela” era mesmo estar “de cabeça” nos negócios da família.
Antes da pandemia, ela e a mãe já respondiam pelo controle financeiro. “Ela anotava tudo e eu inseria as informações nas planilhas informatizadas, quando estava na roça. Mas aí veio o isolamento obrigatório e passei a ficar direto no campo”, contou Tatiele.
A partir daí, a jovem começou a buscar muita informação para aprender os melhores processos. “Procurei o Instituto Federal para melhorar nossa produção de café. E em 2021, ganhamos o prêmio de melhor café conilon do Brasil”, apontou a produtora.
Após contar suas histórias, ambas fizeram questão de destacar que gostam bastante de acompanhar eventos como o Tecnoagro para incentivarem outras mulheres, mostrarem que é possível “chegar lá”.
Momento histórico
Também nesta sexta-feira (18), último dia do Tecnoagro, foi lançada oficialmente a Central das Associações das Mulheres do Cacau. E ainda formalizada a Associação das Mulheres do Cacau de Linhares.
O evento trouxe também a palestra “A trajetória das Mulheres do Cacau: tecnologia, qualidade e sustentabilidade”, comandada por Alessandra Maria da Silva, coordenadora do projeto, extensionista do Incaper.
Ao todo, 68 mulheres com idades que variam de 20 a 70 anos participam do ’Mulheres do Cacau’. O projeto envolve os municípios de Linhares, Colatina, Santa Teresa, Rio Bananal e São Roque do Canaã. O principal objetivo da entidade é trabalhar a capacitação das mulheres em todo processo de produção do cacau.
“Conseguimos um impacto social muito maior do que a gente esperava, a ponto de sermos reconhecidos dentro de um evento tão importante para o Estado quanto o TecnoAgro.”, destacou Alessandra.
Muito mais
Os participantes do evento se dividiram entre palco principal e mais três auditórios, com programação simultânea, abordando diversos temas do agronegócio. Entre eles, doenças dos ramos do cafeeiro, assistência técnica digital no campo e empreendedorismo.
O painel “A Jornada do Agronegócio Brasileiro Rumo à Sustentabilidade” teve como mediador o jornalista Mário Bonella, E os palestrantes Marcello Brito, Durval de Freitas e Nailson Dalla Bernadina discutiram a relação entre sustentabilidade e inovação no agronegócio.
O mega evento teve como objetivo a troca de conhecimento das oportunidades de modernização do agronegócio, setor que é o motor da economia do Espírito Santo. E registrou mais de 5.000 inscrições em dois dias de atividades.