O Hospital Rio Doce realizou pela primeira vez tratamento Endovascular do AVC Isquêmico Agudo da região Norte do ES. O procedimento inédito foi feito no final de 2018 no paciente Adriano Boone de 39 anos, morador de Rio Bananal. Adriano chegou ao hospital com fortes dores de cabeça, perda de força no lado esquerdo e evoluiu para um coma. Após alguns exames de imagem o diagnóstico: Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo.
O neurocirurgião e Coordenador da Equipe de Neurocirurgia do Hospital Rio Doce, Dr. Pedro Nunes Boechat, explica que o paciente já chegou em estado grave, com risco iminente de morte. “O caso era grave e se não fizesse algo na hora ele iria a óbito. O risco era máximo, mas se não interviesse também seria fatal”, esclarece o médico.
Dr. João Eduardo Tinoco, que também participou do procedimento, diz que o caso de Adriano é raro e demanda recursos e técnicas de ponta. “O Adriano apresentou um caso raro de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Agudo e justamente por isso demandou todos os recursos possíveis, tanto de técnica quanto de capacitação dos profissionais para realização do mesmo. Não existiria melhor tratamento em lugar nenhum do mundo para este caso. Usamos o melhor stent possível aliado a melhor tecnologia possível”, enfatiza Tinoco.
Passados alguns dias da cirurgia Adriano está em casa e se recupera dentro do previsto para o caso. Para ele ter os recursos necessários para realização do procedimento no Hospital Rio Doce significou sua sobrevivência. “Eu teria morrido sem esse tratamento, não aguentaria uma transferência para Vitória. Sem sombra de dúvida é muito importante ter esse tratamento em Linhares”, diz Adriano.
Equipe trabalha para oferecer tratamento pelo SUS no Hospital Rio Doce
“Tempo é cérebro”. Assim Dr. Pedro Nunes Boechat defini a urgência no atendimento e tratamento de pacientes com Acidente Cerebral Vascular Isquêmico como foi o caso do Adriano Boone. O médico explica que existem dois tratamentos possíveis para doença, medicamentoso e cirúrgico, porém o fator tempo é primordial nos dois casos.
No Espírito Santo os dois procedimentos são feitos pelo Sistema único de Saúde (SUS), apenas em um hospital da Grande Vitória. “O medicamento só pode ser feito em no máximo quatro horas e meia após os primeiros sintomas e a cirurgia entre seis e oito horas, alguns casos podendo chegar à 16h. É pouco tempo. Um paciente que está em Pedro Canário, por exemplo, Linhares já se torna longe, imagina chegar à Grande Vitória. Não da tempo de fazer transferência, ás vezes no próprio hospital não da, salienta Dr. Pedro.
Isso explica o empenho da equipe de neurocirurgiões do Hospital Rio Doce para oferecer o tratamento pelo SUS, na instituição. “Essa é a nossa luta, oferecer esse serviço de graça, pelo SUS, no hospital Rio Doce, atualmente não temos como fazer nada pelos pacientes SUS aqui”, destaca Dr. Angelo Guarçoni, que também é membro da equipe de neurocirurgia do HRD.
O hospital Rio Doce dispõe de aparelhamento e equipe médica capacitada para realização do tratamento e já oferece o serviço pela rede privada e plano de saúde.
“Não existe nenhum hospital credenciado fora da Grande Vitória para atender esses casos. Aqui já temos tudo que precisamos para realização dos procedimentos, só dependemos desse credenciamento”, relata Guarçoni.
Doença que mais incapacita e segunda que mais mata
Dr. Carlos Eugênio Monteiro de Barros, que também faz parte da equipe de neurocirurgia do HRD, diz que “O objetivo é sempre salvar vidas”, porém, em se tratando do AVC, além do risco de morte existe ainda uma grande chance dos pacientes ficarem com graves sequelas quando o atendimento não é feito em tempo hábil.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) explicam a preocupação do especialista. Segundo a OMS o AVC é a doença que mais incapacita e a segunda enfermidade que mais mata no planeta.
“Quanto mais no limite do tempo esse paciente receber atendimento, maior a chance de ficar com sequelas. Precisamos evitar essas sequelas, essa incapacidade do cidadão de trabalhar, e fazer com que as pessoas voltem a suas atividades normais”, relata o neurocirurgião.
Dr. Eugênio lembra ainda que nesses casos o problema deixa de ser apenas de política de saúde e passa ser também de política econômica. “Perde se uma mão de obra laboral muito grande, e às vezes mão de obra extremamente qualificada. É um cidadão que poderia estar trabalhando, dando um retorno financeiro para seu município. Ou seja, não estamos só falando de política de saúde, mas de política econômica”, concluí Barros.