A ECO101 alegou uma série de motivos para deixar o contrato de concessão da BR-101, gerido pela empresa há nove anos. Em nota enviada à coluna “De Olho no Poder”, do portal Folha Vitória, a empresa confirma que protocolou uma declaração formal na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
“A complexidade do contrato, marcado por fatores como dificuldades para obtenção do licenciamento ambiental e financiamentos; demora nos processos de desapropriações e desocupações; decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de alterar o contrato de concessão; não pedagiamento da BR-116; não conclusão do Contorno do Mestre Álvaro e o agravamento do cenário econômico, tornaram a continuidade do contrato inviável.”
As justificativas não são novas, já eram conhecidas pelas autoridades federais e pelas lideranças capixabas. Tanto que o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, em visita ao Estado no mês passado, compartilhou algumas delas e afirmou que iria tentar intermediar a questão para que o Estado não fosse prejudicado. Ele e a bancada federal capixaba, liderada pelo presidente da Comissão Externa de Fiscalização da ECO101, Neucimar Fraga, ficaram de se reunir com a empresa e irem até o TCU para chegar a um acordo.
“Temos um desafio hoje com o Tribunal de Contas da União que está tendo uma interpretação com relação às tarifas e isso coloca a viabilidade desse projeto em xeque. Eu trabalho hoje com o TCU de forma muito intensa, a gente tem trabalhado com os ministros para que se possa revisitar essas decisões do Tribunal, caso possível, e isso permita que a gente possa ter um contrato saudável, sustentável, para que continue tendo a EcoRodovias operando aqui, entregando obras”, disse o ministro, na ocasião.
O entendimento de Neucimar é que um novo contrato prejudicaria o Estado e poderia até aumentar o valor do pedágio. “Será um prejuízo muito grande se o contrato for desfeito. Muito embora haja uma reclamação muito grande do preço dos pedágios, sabemos que o preço pode aumentar muito com uma nova concessão. Não gostaríamos que esse contrato fosse interrompido”, disse Neucimar.
A empresa informou que não mediu esforços para manter o contrato de concessão. “Ao longo do contrato de concessão, iniciado em 2013, a Eco101 não mediu esforços para viabilizar a continuidade do contrato. Todas as dificuldades enfrentadas pela concessionária foram expostas a seu tempo e publicamente de forma transparente em audiências públicas, em contatos institucionais com autoridades ligadas ao programa de concessão de rodovias e em matérias veiculadas pela imprensa”.
“Em nove anos de administração da BR-101/ES/BA, a Eco101 investiu na rodovia em obras de modernização, melhorias e ampliações, além da prestação de serviços operacionais que já somam mais de um milhão de atendimentos aos usuários, o que garantiu a redução de mais de 60% no número de acidentes”, diz a empresa, em outro trecho da nota.
No dia 4 de junho, quando a coluna noticiou pela primeira vez a intenção da empresa em deixar o contrato, a ECO101 negou que teria feito qualquer pedido de devolução do contrato, embora o ministro tivesse dito aos parlamentares capixabas que a empresa havia expressado essa intenção.
E como fica agora?
A empresa informou que o processo de relicitação assegura a continuidade dos serviços até que uma nova concessionária assuma a gestão da rodovia. “Neste período, a ECO101 continuará operando a rodovia e prestando todos os serviços de atendimento aos usuários, incluindo socorro médico e mecânico, veículos de inspeção de tráfego, caminhões para captura de animais e caminhões-pipa para combate a incêndios, além do monitoramento por câmeras para garantir o fluxo do tráfego e celeridade aos atendimentos em ocorrências na via”.
A ANTT confirmou que recebeu o pedido de relicitação da ECO101 e disse que conduzirá a avaliação considerando os limites técnicos e legais que permeiam a boa gestão regulatória com base na Lei nº 13.448/2017 e no Decreto nº 9.957/2019.
“Se aprovado pela Diretoria da ANTT, o processo é encaminhado para análise do Ministério da Infraestrutura (MInfra), que, entendendo o pedido ser pertinente, poderá direcionar para qualificação do Conselho do Programa de Parcerias da República (PPI). Depois disso, estando de acordo, o empreendimento será publicado no Diário Oficial da União com a estipulação de prazo para assinatura do termo aditivo de concessão”.
Representantes da empresa entraram em contato com Neucimar e com o governador Renato Casagrande antes de anunciarem publicamente a decisão, na tarde desta sexta-feira (15). Neucimar disse que perguntou se a decisão era irrevogável: “Eles disseram que, por ora, não têm interesse de continuar no processo, não da forma que está sendo tocado”, disse o deputado.
“O governador do Estado, Renato Casagrande, foi informado nesta sexta-feira (15) pelo diretor-presidente da Eco101, Alberto Lodi, da desistência da concessão do trecho da BR-101 no Espírito Santo e está em contato com o Ministério da Infraestrutura, com a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) e com a bancada federal capixaba para buscar caminhos para amenizar o impacto desse acontecimento”, disse o governador em nota, por meio de sua assessoria.
A presidente da Findes, Cris Samorini, está ajustando com o governador uma ida à ANTT. “Desde o início da concessão da BR 101, a Findes, por meio do Conselho Temático de Infraestrutura e Energia (Coinfra) e do Conselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder), vem acompanhando os gargalos das obras de duplicação e cobrando soluções para acelerar a melhoria logística do Espírito Santo. Conversei há pouco com o governador Renato Casagrande e me coloquei à disposição para irmos à ANTT, dialogar e propor alternativas. Quanto antes iniciarmos esse debate, mais rápido encontraremos um caminho que garanta que a decisão da ECO101 não afete ainda mais a economia capixaba”, disse Cris, em nota.
Fonte – Folha Vitória
Acidente um atrás do outro no siga para falta de profissionais para sinalização diz qdiminuiu 60 por cento de acidentes
Jogada da empresa para conseguir facilidades. Ganhou dinheiro do povo com pedágio até agora, e ainda quer financiamento.. o povo sempre pagando.