Profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) em 39 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo impactados pelo rompimento da barragem de Fundão começaram a receber, em junho, capacitações remotas com temas voltados ao monitoramento da situação de saúde da população atingida.
Ao todo, até 1.760 profissionais poderão ser capacitados nas áreas de vigilância em saúde, atenção primária, atenção secundária e saúde mental para serem multiplicadores da aprendizagem em seus municípios de atuação. A capacitação visa ampliar o conhecimento técnico-científico dos profissionais e aprimorar os processos e fluxos de trabalho em situações de crise e emergência, para a organização e análise dos dados nos serviços de saúde.
A iniciativa é viabilizada por meio do acordo de cooperação técnica do Programa de Capacitação para os profissionais de saúde que atuam no SUS dos municípios considerados impactados no TTAC, firmado entre o Programa de Saúde da Fundação Renova e prefeituras, secretarias municipais de saúde e Superintendências Regionais de Saúde. Cada gestor municipal é responsável por selecionar os profissionais participantes, que devem estar cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).
“As capacitações irão potencializar e criar novas possibilidades e estratégias para as ações já desenvolvidas pelos profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) nos municípios, contribuindo para melhorar o atendimento à população impactada”, diz Ronize Gomes do Nascimento, especialista do Programa de Saúde da Fundação Renova.
A execução das capacitações estava prevista para acontecer na modalidade presencial e por polo. Porém, devido à necessidade do isolamento social por conta da pandemia da Covid-19, houve a reestruturação para a modalidade de Educação a Distância (EAD), tendo como referência a divisão dos 39 municípios em quatro polos: Ponte Nova (MG), Ipatinga (MG), Governador Valadares (MG) e Colatina (ES).
Os municípios de cada polo são:
Ponte Nova: Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Rio Casca, Sem Peixe, São Pedro dos Ferros, São José do Goiabal, São Domingos do Prata, Raul Soares.
Ipatinga: Dionísio, Córrego Novo, Marliéria, Pingo d’ Água, Bom Jesus do Galho, Caratinga, Timóteo, Ipatinga, Iapu, Ipaba, Bugre, Santana do Paraíso, Belo Oriente, Naque, Periquito.
Governador Valadares: Alpercata, Tumiritinga, Conselheiro Pena, Fernandes Tourinho, Galiléia, Governador Valadares, Resplendor, Itueta, Sobrália, Aimorés.
Colatina: Baixo Guandu, Colatina, Marilândia, Aracruz, Linhares.
O cronograma de realização dos temas das capacitações é definido com os gestores municipais e regionais de saúde, respeitando a organização dos serviços de saúde e, consequentemente, a participação efetiva dos profissionais. A previsão de duração do Programa de Capacitação é de até 24 meses.
As capacitações contemplarão os temas de:
- Gestão da Informação em Saúde (englobando Gestão dos Sistemas de
Informação);
- Comunicação de Risco à Saúde;
- Vigilância em Saúde (Vigilância Ambiental, Epidemiológica e Sanitária, englobando tópicos voltados a Bioestatística e Monitoramento da Qualidade da Água para o Consumo Humano);
- Emergência em Desastres
- Princípios e Conceitos de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH);
- Princípios e Conceitos de Toxicologia de Metais;
- Sinais e Sintomas Relacionados à Exposição de Metais;
- Levantamento do Histórico Completo de Exposição;
- Exames Físicos para Identificação de Sintomas Relacionados à Exposição
de Metais;
- Direcionamento e Interpretação de Testes de Laboratório para Avaliação
de Intoxicação por Metais;
- Direcionamento de Diagnóstico e Acompanhamento de Intoxicação por
Metais.
Sobre a Fundação Renova
A Fundação Renova é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, constituída com o exclusivo propósito de gerir e executar os programas e ações de reparação e compensação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão.
A Fundação foi instituída por meio de um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas Vale e BHP, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.