Embora o cargo de vereador não possua requisitos mínimos de escolaridade, é notória a existência de uma crescente exigência, por parte da população, em ter representantes instruídos no poder legislativo. Contudo, o que se observa na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre a qualificação dos vereadores do Espírito Santo atualmente em exercício, é que menos de um terço (29,4%) possui nível superior completo, e dessa fatia, somente 0,79% têm o título de doutorado.
Em termos quantitativos, são apenas dois os vereadores com títulos de doutorado em território capixaba, sendo que um deles é do município de Linhares. Trata-se do professor Antônio César (PV), que concorreu à sua primeira eleição em 2020 e conquistou 1.038 votos.
O professor Antônio César possui em currículo o título de Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Segundo o vereador, seu objetivo na vida pública é aliar os conhecimentos acadêmicos a um projeto político efetivo, democrático e que trabalhe em prol dos interesses da população de Linhares.
“A distância entre o conhecimento e as decisões politicas é algo que me incomoda e quero mudar. Pretendo fazer a ligação entre o conhecimento elaborado e debatido com o poder público. Até porque, entendo que os sujeitos que possuem conhecimento precisam se manifestar dentro das instituições políticas”, detalha o vereador.
Justamente por possuir uma expressiva experiência na área acadêmica, o professor Antônio Cesar pretende continuar conciliando a docência com a política. Aliás, este foi um dos compromissos de sua campanha. “Participar da política é participar das decisões, estar inteirado do mundo, trazer sua visão de mundo e de pessoas que você representa para os espaços de decisão dos rumos do Estado. Mas isso não é profissão. O que eu sou é professor. É isso que estudei, me formei e passei a entender como uma missão de vida. Por conta disso, manterei a atividade docente ao longo de todo o mandato, porque é preciso também manter-se conectado com as bases, com as pessoas, ouvindo-as. E a atividade docente oferece essa condição. Então manterei a docência para mostrar que a atividade política não deve ser uma carreira, e sim uma espécie de missão que as pessoas se dispõem a cumprir”.
Antônio Cesar é professor efetivo, no momento licenciado, da rede estadual de ensino e já atuou no CEEFMTI Bartouvino Costa e na EEEM Emir de Macedo Gomes. Também é docente da Faculdade de Ensino Superior de Linhares (Faceli).
Diferencial e compromissos
Uma de suas primeiras ações, tomada antes mesmo de assumir a cadeira no legislativo linharense, foi compor uma equipe de trabalho com critérios técnicos, via processo seletivo – uma atitude inédita entre os vereadores do município.
“Devido aos chamados acordos de pré-campanha, muitos eleitos acabam nomeando assessores que não atendem às necessidades do serviço público. Contudo, uma vez que minha candidatura foi construída na base do diálogo e na expectativa de desenvolver uma prática política para além dos conchavos, abri edital e convoquei os melhores quadros possíveis, visando à construção de um mandato eficiente e de boas políticas públicas”, explica Antônio César.
Ainda na fase de campanha, o professor elaborou uma carta com 11 compromissos, em que descreve sua postura a ser adotada, enquanto representante da população. Em um dos compromissos, Antônio Cesar promete votar contra benefícios e privilégios para políticos. Tanto é que ele foi um dos primeiros vereadores da atual legislatura de Linhares a abrir mão do veículo custeado pela Câmara e, desde o primeiro dia de trabalho, vem utilizando seu próprio automóvel para cumprir a agenda de serviços públicos.
Processo seletivo dele foi igual ao do Felipe Rigoni: no final, a equipe acabou sendo as pessoas da Faceli mais próximas a ele, nada de surpresas.
Com todo esse conhecimento, na primeira oportunidade que teve de votar, já quando estava em plenário, deixou de votar. Mais um coitado atrás de salário de vereador