Nesta quinta e sexta-feira (03 e 04/02), as aulas presenciais do ensino médio, fundamental e infantil voltam a acontecer em todo o Espírito Santo. Grande parte dos alunos estarão de volta às rotinas escolares. E com o retorno das aulas, um acessório também voltará a circular nos corredores das unidades de ensino: as mochilas. Mas, vale o alerta de ortopedistas sobre o peso exagerado de muitas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recomendado é que o peso da mochila não ultrapasse 10% do peso corporal do indivíduo. O excesso aliado ao esforço repetitivo durante a infância e adolescência ocasiona 70% dos problemas de coluna na fase adulta.
De acordo com o médico ortopedista do Hospital Linhares Medical Center (LMC), Elton Cavalcante, o alerta cabe porque se uma criança carrega sempre uma mochila pesada, pode não aparecer sintoma imediato que chame a atenção, mas sim a longo prazo. O excesso de peso muda a postura, a criança tende a caminhar um pouquinho curvada e os músculos do peito se encurtam, os das costas ficam mais fracos, pode haver uma escoliose e no futuro a qualidade de vida será afetada.
“O uso inadequado das mochilas, com muito peso e carregadas em apenas um lado do corpo, por exemplo, gera potencial de desenvolvimento de doenças da coluna, como escoliose (desvio lateral da coluna) e hipercifose (desvio que deixa ombros e pescoço projetados para frente, formando uma corcunda), além de alterar o modo de caminhar e o equilíbrio”, explica.
Ele revela que os pais podem ajudar na preparação da mochila, para que ela não fique com peso excessivo. “Um brinquedo ganho no Natal e que não precisa ser levado à escola, um livro de História carregado inutilmente num dia em que não há aula de História e principalmente bom senso impedem que a mochila pese demais”, explica o especialista.
A preocupação cabe, porque 85% da população brasileira em algum momento tem queixa de dor nas costas. Como as crianças atualmente tendem a se movimentarem pouco, a gastar horas diante do computador ou da TV, o esporte e os exercícios que poderiam compensar pelo menos um pouco o problema não são feitos.
Elton pontua que em caso de dúvida, basta levar a criança e a mochila com a carga usual ao ortopedista. “Ele vai mostrar que as duas tiras (devem ser largas, com pelo menos 4 centímetros) precisam ser usadas sempre, nunca pendurar a mochila num ombro só”. A mochila deve ficar bem encostada nas costas e não balançando, com a base uns 5 centímetros acima da cintura. É preferível que tenha também cinto abdominal, para deixá-la mais firme.
O ortopedista diz que cabe também à escola evitar o problema, seja incentivando o uso de armários, para que a criança não tenha de carregar tudo para casa e para a escola, seja recomendando o fichário, que evita um caderno para cada matéria.
“O olhar atento do professor pode detectar quando uma criança usa a mochila de forma inadequada e um aviso precoce de que poderá haver problema evita sequelas futuras, tanto nos músculos e ligamentos do pescoço, como na coluna lombar, no quadril e até mesmo no joelho”, destaca Elton.
Cuidado com o uso
O ortopedista destaca que além do excesso de peso, os alunos devem se atentar sobre o uso correto das mochilas.
“Uma alça em cada ombro e uma terceira para prender na cintura fazendo com que a coluna não seja sobrecarregada e que a mochila fique bem justa nas costas. Também é importante colocar na bolsa apenas o material necessário para aquele dia, escolher as bolsas que têm alças largas e as fabricadas em material leve”, sugere.
Para as crianças menores, a melhor opção são as mochilas com rodinhas, mas mesmo assim é preciso ter cuidado.
“Caso o puxador não esteja bem ajustado, pode fazer com que a criança entorte o tronco para carregá-la e então desencadear problemas. O ideal é ajustar o puxador em uma altura que permita que a criança permaneça com os ombros nivelados, sem precisar curvar o corpo”, diz.
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