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Mãe diz que filha morreu após atendimento de falso médico no ES: ‘acabou com a minha vida’

Uma mãe procurou a Polícia Civil do Espírito Santo, nessa quinta-feira (19), para denunciar o falso médico Leonardo Luz Moreira pela morte da filha de 10 anos.

O falso médico foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira (18), em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, após cumprimento de mandado de prisão. Leonardo era investigado por exercício ilegal da profissão e falsificação de diploma emitido por uma universidade estrangeira.

A professora Alessandra Ferreira Marcelino contou que a filha Ana Luísa, de 10 anos, começou a passar mal na noite do dia 11 de janeiro com dores de barriga e vômitos. Ela, então, levou a menina para o Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus, e foi atendida pelo falso médico.

A mãe relatou que 20 minutos depois de esperar pelo atendimento, Leonardo atendeu a criança sem encostar nela e disse que o diagnóstico era gastroenterite.

“Ele não examinou minha filha. Ele não colocou a mão na minha filha em momento nenhum. Eu disse que que estava com medo de ela estar desidratada pelo volume do vômito em casa, mas ele falou que não a examinaria por causa do protocolo de Covid-19. De fato, como ele faria? Ele não é médico”, relembrou.

Depois da consulta, o suposto médico orientou que ela continuasse com a medicação e falou que, se a criança pedisse, até refrigerante ela poderia dar. A professora relatou que foi com a filha para a sala de medicação do hospital e lá o quadro de Ana Luísa piorou.

Alessandra contou que quando a enfermeira do plantão iniciou a aplicação do medicamento recomendado pelo médico, Ana Luísa ficou pálida e sentiu dores no coração. A enfermeira retirou a agulha e a criança começou a ter convulsões.

A menina foi levada para a emergência do hospital para que o quadro dela fosse controlado. A mãe revelou que o médico passou por ela, disse que a filha era uma “leoa” e estava reagindo. Minutos depois, o falso médico voltou com a notícia do falecimento.

“Minha filha não tinha doença crônica. Ela era uma criança saudável, feliz. Todo mundo que convivia com Ana Luísa sabia o quanto ela tinha hábitos de vida saudável, estudava e nunca teve problemas de saúde”, disse.

O laudo cadavérico apontou que a causa da morte foi gastroenterite e desidratação.

A professora disse que na época não denunciou o homem porque não tinha provas. Com a divulgação da prisão dele, ela decidiu registrar o caso na Delegacia Regional de São Mateus.

“Eu quero que ele seja condenado por homicídio doloso e não culposo. Ele não era médico, ele teve a intenção de matar, uma vez que ele se dizia médico. Quantas pessoas esse homem não matou, não diagnosticou errado e não medicou errado? Ele tem que pagar pelo que fez. Eu quero justiça pela vida da minha filha. Ele acabou com a minha vida. Acabou com a vida da minha família. Eu tenho vivido pelo meu filho mais velho de 15 anos”, disse.

Investigação

ANÚNCIO

A Polícia Federal informou que tem conhecimento da morte da menina e o fato foi utilizado para reforçar as condutas do falso médico, entretanto, não está investigando o caso.

A Polícia Civil informou que recebeu a denúncia e que o caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Mateus.

Prisão do falso médico

Leonardo Luz Moreira foi preso na quarta-feira (18). As investigações apontam que ele se matriculou em uma faculdade de medicina da Bolívia, onde estudou por seis meses e adulterou os documentos para parecer que já havia cursado quatro anos e pediu transferência para uma instituição brasileira.

O falso médico foi contratado por diversas prefeituras do norte do estado e também pelo governo do estado. Ele atuava no estado há pelo menos três anos com salários acumulados de aproximadamente R$850 mil.

Ainda segundo as investigações o impostor intermediava que médicos ou os candidatos fizessem o mesmo esquema. O criminoso pagava cerca de R$ 40 mil para ter a transferência externa facilitada, e depois começavam a atuar nos municípios brasileiros em postos de saúde e hospitais.

Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa-ES) informou que o homem não era servidor, e sim funcionário de uma empresa terceirizada.

Fonte – G1-ES

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