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Coronavírus: Surdos de Linhares questionam a falta de intérprete de Libras nos telejornais

Desde que o novo Coronavírus se tornou uma pandemia, o mundo todo tem demonstrado esforços para retardar o contágio em massa na população. Para isso, várias medidas foram tomadas e dicas de higiene pessoal e isolamento social são repassadas como forma de prevenção ao vírus.

Todas essas ações têm ganhado muita repercussão na mídia e o que se fala no momento não é outra coisa. Autoridades políticas e especialistas em saúde epidemiológica expõem informações nos veículos de comunicação para disseminar o conteúdo educativo e preventivo na sociedade. Entretanto, com todos preocupados em informar a população da melhor forma possível e com rapidez, parece ter esquecido um determinado público que ainda carece de atenção nesse momento de pandemia. A comunidade surda sofre com a falta de acessibilidade da informação. Esse público, por descuido politico e social, naturalmente já é esquecido e na atual pandemia não tem suas necessidades englobadas nas ações de comunicação para combate ao Coronavírus.

Membros da comunidade surda de Linhares iniciaram um movimento de inclusão para chamar a atenção da população, das autoridades políticas e fiscalizadoras e principalmente dos telejornais que estão fazendo a cobertura e os boletins especiais da pandemia, para a necessidade de levar a informação para todos os públicos. Em especial, o pedido é que os telejornais adotem a janela com intérprete traduzindo o que os jornalistas e médicos especialistas estão abordando sobre o Covid-19.

O Site Norte Notícia entende a importância desse movimento, e nesse momento fazemos um pedido para que você leitor pare por alguns minutos e assista com bastante atenção o seguinte vídeo.

Veja o vídeo feito por pessoas surdas do município de Linhares:

No início do mês de março o Instituto Nacional de Educação dos Surdos divulgou um vídeo com a intenção de disseminar informações sobre o novo Coronavírus, o Covid-19, para o público surdo.

Mas ainda não é o suficiente. As emissoras de televisão e os telejornais que estão cobrindo esse momento de pandemia, não se atentaram a se comunicar com o público da comunidade surda.

Os surdos não oralizados, aqueles que não sabem ler e escrever, dependem de um intérprete ou familiar que tenha conhecimento da Língua Brasileira de Sinais para saber o que está sendo falado na televisão.

O grupo de pessoas da comunidade surda de Linhares exige que seja cumprido os direitos linguísticos dos surdos reconhecidos pela Lei 10.436/2002. Além disso, o movimento afirma que a indisponibilidade de conteúdos em Libras se configura como “barreiras de comunicações e de informações”, conforme disposto no artigo 2°, parágrafo 2°, item “d” da Lei 10.098/2000 – Lei de Acesso à Informação.

Eles pedem para que as autoridades e a fiscalização exija que as emissoras de televisão cumpram com o que determina a lei, e passem a comunicar também com a comunidade surda, todos os assuntos relacionados ao novo Coronavírus.

 

Veja a íntegra da nota enviada às emissoras de televisão:

 

“Com a atual situação de pandemia do Covid-19, a todo momento têm sido transmitidas e divulgadas informações de extrema relevância para o todos os cidadãos brasileiros. Dados numéricos, medidas de proteção e contenção e outras questões relativas ao surto do coronavírus a nível nacional e internacional devem ser levados ao conhecimento de todos indistintamente. Sabemos, porém, que estas informações raramente são oferecidas na Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos principais meios de comunicação midiática, o que priva os surdos de as acessarem em igualdade com os demais cidadãos.

 

O desconhecimento de questões relacionadas a pandemia pode acarretar graves consequências não somente para os surdos e aqueles que os cercam diretamente, mas para a sociedade como um todo. A desinformação acerca das orientações de segurança, por exemplo, pode torná-los possíveis vetores deste vírus que tem se alastrado no nosso país e no mundo. O não acesso a conteúdos tão importantes e essenciais, ainda mais no momento crítico que vivemos, fere os direitos linguísticos dos surdos que têm a Libras como seu meio de comunicação e expressão reconhecida pela Lei 10.436/2002. Além disso, a indisponibilidade de conteúdos em Libras se configura como “barreiras de comunicações e na informação”, conforme disposto no artigo 2°, parágrafo 2°, item “d” da Lei 10.098/2000 – Lei de Acesso à Informação.

 

Dessa maneira, solicitamos que providências sejam tomadas no que diz respeito à transmissão de conteúdos informativos também em Libras (por meio da alocação de intérpretes, por exemplo), a fim de que os surdos não continuem sendo prejudicados, ainda mais nesta tão crítica pandemia. Nos colocamos à disposição para dialogar sobre esta temática e buscar soluções rápidas e eficientes, no intuito de que transmissões e programas televisivos, por exemplo, que abordem notícias recentes e relevantes para o momento, sejam acessíveis também à comunidade surda brasileira.

 

Nesse sentido, em relação aos diversos formatos que a interpretação para a Libras pode ser apresentada em transmissões televisivas e online, recomendamos que sejam seguidas as orientações elaboradas pela WFD (World Federation of the Deaf) e pela WASLI (World Association of Sign Language Interpreters) sobre o acesso à informação durante a pandemia do coronavírus (em anexo).

 

Por fim, entendemos que o acesso à informação é para todos e que a não garantia dos Direitos Linguísticos dos surdos pode acarretar prejuízos e danos irreparáveis para toda a sociedade. Portanto, esperamos poder trabalhar coletivamente para esse bem maior.”

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Atenciosamente,

 

FEBRAPILS e FENEIS

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