A Secretaria da Saúde (Sesa), por meio do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), firmou parceria com o Banco de Olhos do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) para aumentar as doações de córneas no Espírito Santo e, consequentemente, a possibilidade de pacientes que esperam por um transplante. Desde o começo dos trabalhos, iniciados em setembro, já foram registradas seis captações de córneas.
Para dar início à parceria, o Serviço de Verificação de Óbitos contou com o apoio da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES), que realizou capacitações das equipes técnicas do serviço, voltadas para a identificação de possíveis doadores; a abordagem junto à família que está doando a córnea do seu parente; e o contato com o Banco de Olhos para dar início ao processo de quem vai recebê-la.
A chefe de Núcleo Especial do Serviço de Verificação de Óbitos, Andressa Salles, informou que, a partir da parceria com o HUCAM, o relatório que já era realizado junto à família da pessoa que faleceu, direcionado às questões clínicas, passou a ter um item referente ao interesse dos parentes em fazer a doação da córnea. “Implementamos também a notificação dos óbitos pelo sistema on-line de Notificação de Óbito – Doação de Córnea (NODC) para melhor vigilância dos casos. A equipe foi capacitada pelos técnicos da Central de Transplante Estadual”, explicou Andressa Salles.
Ela também ressaltou que, embora seja um momento de profunda tristeza, durante o preenchimento do formulário, receber o ‘sim’ da família doadora é um ato de amor ao próximo e muita empatia. “Nesse processo, saber fazer o acolhimento dos parentes enlutados é essencial. É necessário todo o cuidado, porque não é fácil perder alguém e, ao mesmo tempo, compreender que essa doação vai estar ajudando uma pessoa a viver com mais qualidade de vida. Mas quando isso acontece, é indescritível”, disse a chefe de núcleo.
Atualmente, segundo dados da CET-ES, 1.290 pessoas aguardam para a realização de um transplante de córnea no Estado. Só neste ano, de janeiro a setembro, foram realizados 240 transplantes de córnea.
Saiba mais sobre o SVO
O Núcleo Especial de Verificação de Óbitos, da Secretaria da Saúde, está ligado à Gerência Estratégica de Vigilância em Saúde (GEVS) da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SSVS). Fica localizado anexo ao Hospital da Polícia Militar, em Vitória, sendo referência estadual na realização de necropsias com a finalidade de esclarecimento de óbitos de causa natural não elucidada, óbitos sem assistência médica ou com assistência médica onde a causa da morte não foi definida.
São encaminhados ao SVO, os casos de morte natural, como morte súbita, óbitos domiciliares sem assistência médica e não suspeito de causa externa/violenta, óbitos em Pronto Atendimento sem causa conhecida, notificados e/ou em estudo pela vigilância epidemiológica. As mortes naturais em acompanhamento médico e com diagnóstico bem definido, devem ser atestadas pelo médico que acompanhou o paciente em vida. Nesse caso, não há necessidade de encaminhar o corpo para o SVO. Se a circunstância do óbito for natural, mas a causa for desconhecida, a pessoa pode ter falecido em casa, num hospital ou em via pública, o corpo será encaminhado para o SVO.
O Serviço de Verificação de Óbito desenvolve um trabalho diferente do que é feito pelo Departamento Médico Legal (IML), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), que investiga mortes por causas externas, como quedas, envenenamentos, homicídios e outras situações de morte violenta ou acidental.
Doação de córnea
A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho. Se a córnea se opacifica (embaça) a pessoa pode ter a visão bastante reduzida ou, às vezes, até perder a visão. Os transplantes permitem que pessoas com alguma deficiência visual por problemas de córnea recuperem a visão.
No Espírito Santo, qualquer pessoa entre 2 e 75 anos pode ser doador de tecidos oculares. Diante de uma notificação de potencial doador, será realizada uma triagem por meio da aplicação de questionário junto aos familiares, revisão de histórico médico e exames sorológicos para definir se há alguma contraindicação à doação.
Uma dúvida bastante comum é se o uso de correção visual (óculos ou lentes de contato), ou de alguma possível doença como catarata ou até cegueira por diabetes ou glaucoma seriam contraindicações à doação, e a resposta é que estes casos não são contraindicação à doação.
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