Quando o assunto é a saúde da mulher logo pensamos em câncer de mama ou de colo de útero. Porém, é cada vez maior o número de mulheres com problemas relacionados a saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) quando falamos de estatísticas dos distúrbios mentais mais comuns: depressão, ansiedade e sintomas físicos causados por problemas emocionais, afetam uma em cada três pessoas e são observados predominantemente em mulheres.
A situação piora quando falamos do período pandêmico. Pesquisa conduzida entre maio e junho de 2020 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP mostrou que, durante a pandemia da Covid-19, as mulheres foram as mais afetadas psicologicamente, apresentando 40,5% de sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse.
Além dos fatores biológicos, que diferenciam homens e mulheres, e a violência doméstica, a Terapeuta, especialista em hipnose clínica, Rachel Poubel, pontua que, o trabalho, a sobrecarga de funções e o machismo, contribuem para essa realidade.
“Ao mesmo tempo que o mercado de trabalho se abre cada vez mais às mulheres, ele é também um dos principais fatores de estresse, abusos psicológicos e esgotamento mental nas mulheres. Ainda vivemos uma forte pressão machista nos ambientes de trabalho, que não compreende a mulher como totalmente capaz. Ao chegar em casa, essa mulher ainda pode se ver na obrigação de cuidados domésticos e de mãe, o que multiplica a pressão”, pontua a hipnoterapeuta.
Rachel destaca ainda que, especialmente na pandemia, quando todos estavam em isolamento social, coube a mulher o papel de mediadora dos conflitos familiares. “Seja entre parentes, filhos ou até com o próprio marido, essa mulher traz a carga de resolver crises, sobretudo em períodos de isolamento social, em que todos foram obrigados a permanecer mais tempo juntos. Isso aflora neuroses e explode em mais conflitos, cabendo muitas vezes às mulheres terem que resolver”.
Fique atenta aos sinais
Rachel acredita que “não existe uma hora ideal para procurar ajuda”. O segredo, segundo ela, é sempre se observar. A terapeuta destaca que, todos os dias recebe mulheres que não se conhecem. Para ela o autoconhecimento é muito importante e orienta que, ao primeiro sinal de esgotamento, a mulher procure ajuda.
“O primeiro passo é realmente o autoconhecimento. Percebendo os primeiros sinais de que pode entrar em colapso, essa mulher precisa procurar ajuda, seja um processo terapêutico profissional ou uma forma saudável de descarregar essa pressão que vivencia. Todos os dias recebo mulheres que não conseguem sozinhas alcançar esse autoconhecimento e despejar a carga de pressão que vivem. Por isso, é sempre recomendado que esta mulher observe, todos os dias, os sinais de estresse. Analise sua pele, seu cabelo, seu corpo e suas emoções. Tudo pode sinalizar uma carga fora do comum de estresse, que pode eclodir em um transtorno como ansiedade ou depressão. Observar-se pode salvar essa mulher de um colapso, por ser percebido cedo. O melhor momento para procurar ajuda é agora, hoje, para fortalecer quem somos, nosso estado de espírito e brindarmos nossa saúde mental”.