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REPORTAGEM ESPECIAL – Paixão por vinil une três gerações

Em tempos de isolamento social, devido à pandemia provocada pela covid – 19, o gerente de vendas Rodrigo César Sotta, mais conhecido por Digão, residente em Linhares, no Norte do Estado, já tem uma diversão garantida na quarentena, ao preservar a cultura de ouvir seus discos de vinil, tradição familiar que é passada de geração a geração.

Digão revela que seu encanto pelos chamados “bolachões” começou ainda criança, escutando a pequena coleção de vinis do pai, o servidor público aposentado Júlio César do Vale Brasil. Ele lembra que o acervo, naquela época, era pequeno, mas que já possuía ótimos álbuns, principalmente de rock, que é o gênero preferido da família.

“Aprendi a cultuar o disco vinil ainda moleque, quando morava em Barra de São Francisco, onde meu pai me apresentou esse universo encantador. Agora, passo essa tradição para a minha filha, Helena Sotta Vacht. Ela já tem até a referência musical e os vinis de sua preferência”, revela o gerente.

Ele conta ainda que o acervo de discos está catalogado em aproximadamente 1.100 exemplares, entre eles coleções completas de várias bandas, como os Beatles, além de relíquias raramente encontradas no mercado, citando o primeiro disco da banda Black Sabbath. “Na minha vida, esses discos sempre representaram a história da evolução e qualidade da música”, avalia.

Ele revela a influência e o papel do pai, Júlio César, nessa história. “Meu pai, indiretamente e imperceptivelmente, foi o total influenciador desse hobby. A partir dele, conheci as bandas que hoje sou fã e escuto, diariamente”, comentou.

O gerente de vendas acrescenta ainda que pretende repassar os seus hábitos de ouvir Long Play (LP) também para a filhinha, Helena. “Sempre que escuto algum disco, já chamo minha pequena para ficar por perto, mostro as capas, apresento os integrantes da banda, uma breve história de cada uma, explico um pouco sobre as letras das faixas, como funciona o tocas discos e, também, o essencial: que o vovô ensinou o papai e que ela deve passar a diante esse legado, sempre respeitando os gostos musicais dos outros e sabendo ouvir e aprender com cada música que escutar”, relatou.

Acervo de vinis tem relíquias e tradição

O gerente de vendas Rodrigo Sotta, o Digão, afirma que entre os seus mais de 1.000 discos, 30% da coleção são de álbuns considerados relíquias e que possuem também grande valor sentimental. “São discos que eu não venderia de forma ou preço algum”, confirma.

Ele revela que entre os LP’s com maior valor sentimental estão os Beatles, principalmente, álbuns como, Revolver, Abbey Road, Magical Mystery Tour e o disco histórico da banda Queen, Sheer Heart Attack. “São discos que eram do meu pai, os primeiros da nossa coleção”.

Digão acrescenta ainda que entre os que não podem faltar nas suas audições familiares, estão obras dos Beatles, Pink Floyd e Black Sabbath. “Sempre escuto meus LP’s, principalmente, aos domingos, onde tenho o hábito de abrir minha cerveja, antes do almoço, e iniciar minhas audições. Agora, com a quarentena em virtude da pandemia, a paixão só aumentou, pois todo o tempo em casa dá para ouvir a coleção completa, analisando e curtindo cada um dos discos com todo prazer e tempo”, revelou.

Hoje, o colecionador conta que ainda faltam alguns discos para completar discografias que considera essenciais na coleção, como alguns do Iron Maiden, Deep Purple, Rainbow, Rush, entre outros preferidos. Parte do acervo conservado de discos da família é formado por clássicos do rock, onde estão relíquias que chegam a custar aproximadamente R$ 7 mil (em sites especializados e em sebos culturais), como o The White Album (ou Álbum Branco), dos Beatles, um dos mimos do gerente.

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Quanto à filha Helena, Digão diz que a menina admira muito e que tem cuidado com os discos da coleção. “Ela me ajuda a limpá-los e já cuida, mesmo sendo tão pequena. Ela é muito curiosa e sempre grava na  memória alguns trechos de músicas que ouve e depois fica cantarolando pela casa. O gosto dela, sem dúvidas, é o rock, pelo menos por agora, não sei quando crescer. Como eu também gosto desse ritmo, vou tentar influenciar ao máximo (risos)”.

Júlio César e seus 50 anos dedicados ao vinil

A paixão pelo vinil resiste há meio século, sendo considerado pelo servidor público aposentado, Júlio César do Vale Brasil, 60, o melhor formato de áudio registrado pelas gravadoras até hoje. Desde 1970, ele conta que adquiriu um gosto especial pelos LP’s e preserva essa cultura por meio de seu filho Rodrigo Sotta e da neta, Helena Vacht.

Segundo ele, o costume de escutar discos de vinil e adquiri-los teve início ao ouvir a Rádio Mundial, do Rio de Janeiro, que tinha o programa do Big Boy. “Nessa época, eu e uns colegas fundamos uma banda musical e assim veio essa paixão pelos vinis”, revelou. Ele acrescenta que comprava seus LP’s de uma Kombi que passava pela cidade de Resplendor (MG), onde vivia. “Naquele tempo não tinha lojas de discoteca”, comentou.

Júlio César relata ainda que entre os encantos ao apreciar o som do vinil está o diferencial na qualidade sonora, com os ruídos característicos dos vinis e as capas criativas que, muitas delas, até hoje são consideradas verdadeiras obras de arte.

O disco vinil é tão apreciado no mundo que tem um dia dedicado a ele, no dia 12 de abril, inclusive, em alguns países é feriado. Já no Brasil, o Dia Nacional do Vinil é celebrado e dedicado a Ataulfo Alves, que morreu nesta data no ano de 1968. O vinil nasceu em junho de 1948, pelas mãos de Peter Goldmark, engenheiro da Columbia Records, hoje Sony Pictures, grande empresa fonográfica da época.

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