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Pesquisadora é obrigada a deixar cidade no Norte do ES após ser alvo de fake news

Foto: Reprodução TV Gazeta

Uma pesquisadora que mora em Vitória e foi a Linhares realizar um trabalho de campo teve que abandonar a cidade do Norte do Espírito Santo às pressas antes de concluir a pesquisa após ser alvo de uma fake news na região. Mensagens falsas, com fotos e áudios, compartilhadas nas redes sociais davam conta de que ela estava atrás de crianças do município.

Em um áudio compartilhado no WhatsApp, uma mulher ainda não identificada pela polícia disse que era para os moradores da cidade tomarem cuidado, porque Gisele da Silva, a pesquisadora, estaria tentando forçar a entrada em casas para ver crianças.

Foto: Reprodução TV Gazeta

“Elas queriam fazer uma entrevista. Minha sogra me chamou, fui lá, aí ela (pesquisadora) perguntou se eu tinha filhos e queria ter acesso às crianças. Insistiu bastante, eu falei que não. Ela pediu para entrar e eu também falei que não e ela foi embora”, disse a mulher na mensagem de voz.

O áudio foi enviado nas redes sociais junto com uma foto da pesquisadora e mensagens dizendo para as mães não deixarem as crianças se aproximarem de Gisele. Além disso, no texto da fake news há um pedido para as mulheres denunciá-la e espalharem a notícia (falsa).

Por causa da fake news, ela começou a receber ameaças. A pesquisadora, então, registrou um Boletim de Ocorrência. E teve que deixar a cidade por segurança.

Em entrevista, a pesquisadora explicou como é o trabalho de pesquisa.

“Primeiramente, a gente chega na residência, pergunto o nome dos moradores, as idades, se eles usam a internet com segurança, quais sites acessam, se usa redes sociais e perguntas direcionadas ao uso de internet”, explicou Gisele.

“Só faço pesquisa com a criança se o pai autorizar, o pai tem que dar autorização, tem que me dizer que ele é o correspondente legal pela criança e tem que acompanhar a pesquisa também”, disse a pesquisadora.

Gisele esteve na delegacia e deve ser ouvida em breve. “Eles (agentes da Polícia Civil) só vão ouvir meu depoimento no dia 7, mas todas as provas, o CD com os áudios e as fotos, que foram divulgadas na internet, já está tudo em poder da polícia”, contou.

Segundo a dona da empresa de pesquisas em que Gisele atua, Cláudia Chede, as profissionais que atuam para ela estão sempre com documentos e são autorizadas a prestar esse serviço.

“As pessoas estão intolerantes, não querem acreditar no bom trabalho do próximo. Ela (Gisele) leva com ela o crachá, a identidade dela, a carta de legado, de morador, do síndico, então ela tem um respaldo para isso”, explica.

 

Crimes praticados na internet aumentam mais de 50%

 

Dados da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesp) mostram que foram registrados 836 casos de crimes praticados na internet, incluindo a divulgação da fake news, de janeiro a abril deste ano. O índice corresponde a um aumento de 51% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados 553 casos.

Segundo o delegado Brenno Andrade, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), quem cria esse tipo de conteúdo pode ser investigado pela prática de crimes, como calúnia e difamação.

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“As pessoas devem procurar a Polícia Civil. Os autores dessas fake news, se identificados, vão ser punidos e encaminhados ao Poder Judiciário” , ressaltou.

 

Fonte: g1

 

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