Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio de Santa Catarina, prendeu, na manhã desta segunda-feira (29/05), 33 suspeitos de participar de uma organização criminosa interestadual que aplicou o golpe dos nudes em 12 Estados brasileiros – sendo um deles o Espírito Santo. As prisões ocorreram em cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
De acordo com o delegado Rafael Delvalhas Liedtke, que coordenou a ação, apenas no período da investigação – que se iniciou em junho de 2022 – o grupo fez pelo menos 80 vítimas no país e movimentaram cerca de R$ 450 mil.
As vítimas foram identificadas nos estados do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
De acordo com o delegado, as investigações iniciaram quando policiais efetuaram a prisão em flagrante de um homem no município de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, e apreendeu uma pistola e uma Mercedes-Benz, avaliada em R$160 mil, além de aparelhos de telefonia celular.
A partir dessa prisão, foi descoberta a existência de uma organização criminosa estruturada, especializada no golpe de nudes, com base no Rio Grande do Sul e com ramificações em Santa Catarina.
Segundo as investigações, um dos líderes da organização, que se trata de um dos braços de uma das facções criminosas de maior atuação no Rio Grande do Sul, já esteve preso em presídios de Porto Alegre, onde exerceu a função de cantineiro (trabalho em cantina) e fez diversos contatos com outras facções. Uma vez em liberdade, e com esses contatos, reuniu um grupo para ajudar na prática do conhecido golpe dos nudes.
Como era o golpe
O grupo entrava em contato com homens de classe média/alta por meio de perfis falsos de mulheres jovens, em redes sociais para obter fotografias das vítimas nuas. Depois da troca de mensagens, um suposto parente ou autoridade policial entra em contato dizendo que a jovem era, na verdade, menor de idade. Os golpistas, então, tentam extorquir dinheiro das vítimas para que elas não sejam expostas.
“O esquema era perfeitamente delineado, com vasto material que auxiliava na ilusão das vítimas e que era transmitido entre os criminosos. Para a produção do material, os investigados inclusive aliciavam adolescentes, que mandavam fotografias, áudios e vídeos sob remuneração e até mesmo sob ameaças”, disse delegado Rafael Delvalhas Liedtke.
Os criminosos chegavam a montar cenários para simular delegacias e filmar a encenação do momento em que seria feito o registro da ocorrência por pedofilia contra as vítimas.
A segunda etapa do esquema era a receptação do produto das extorsões por pessoas também aliciadas pela organização. Essas posteriormente fragmentavam o dinheiro entre laranjas, remunerados pelo grupo criminoso, até que o dinheiro voltasse para os responsáveis pelas extorsões. Os valores retornavam para os líderes, sustentando luxos deste e de seus familiares, e também eram distribuídos para outros criminosos, em sua maioria presos e que usavam do dinheiro para obterem regalias nas cantinas dos estabelecimentos prisionais. Parte do lucro da organização criminosa alimentava o tráfico de drogas e de armas.
A organização criminosa é suspeita dos crimes de extorsão, corrupção de menores, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e porte ilegal de arma de fogo.